Os primeiros encontros na análise e o início de uma nova história
Por Janete Rosane Luiz Dócolas, Psicanalista.
É preciso amor para poder pulsar
É preciso paz para poder sorrir
É preciso chuva para florir…
Assim fala a canção, abrindo em mim uma trilha de associações que me faz pensar no que é preciso para que se inicie um tratamento. Provavelmente um conflito, um desejo de paz,
uma busca de sentido ou de amor. Por certo algum sofrimento e em alguma medida, um desejo de se conhecer melhor.
Independente do motivo que leva alguém a fazer tal busca, se o paciente chega até o analista é porque existe nele uma esperança, alguma crença na possibilidade de libertar-se de um sofrimento. Não importa em que nível há essa esperança e nem se ela é fugaz. Importa que de alguma forma o paciente venceu uma força narcisista, pois para ver-se esperançoso ele precisou primeiro ver-se com um sofrimento, dependente de algo desconhecido, que não domina (ele possivelmente não saiba, mas esse desconhecido é o inconsciente). Para chegar até um ‘outro’, que imagina possa ajudá-lo, ele precisou se deparar com uma ferida narcisista.